8 de abril de 2008

«Quando a casa transborda do quarto»

É uma peça solta. O quarto de hóspedes é um pedaço da casa que foi exorcizado por ela.
Parece ser um refúgio, o refúgio para que o resto da casa respire e, assim, o quarto, perfeito, de tanto se distanciar da casa, acaba por ser o ninho onde a última se deita. Um refúgio de onde se quer fugir, mas cuja única saída é pela porta que dá para o resto da casa. Assim, mais vale ficar.
Sempre se pode aproveitar as duas portas de madeira branca e de vidro que dão para uma pequena varanda.
O quarto é simples, cheio de luz, um espaço que transpira tranquilidade. Existe harmonia. As paredes, cortinas e colchas azuis claras contrastam equilibradamente com a madeira branca da mobília (uma cama de casal, duas cabeceiras e uma pequena mesinha com uma cadeira) e com os almofadões e almofadas vermelhos escuros (quase castanhos) e cinzentos.
O quarto é um quarto aberto, de ninguém, como se cada vez que alguém lá entrasse, fosse sempre a primeira vez que o quarto fora aberto.
Aberto para o resto da casa também. Às vezes já é tarde demais para fechar a porta. E mesmo fechada, as parades são as mesmas.

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